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Coringa, filmaço

  • Foto do escritor: Isabel Árias
    Isabel Árias
  • 20 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

Todd Phillips traz a história não contada até hoje do icônico Coringa, com uma narrativa pessoal e emocionante de forma que é necessário estar “presente” para fazer parte da trama e compreender alguns sentimentos que Nietszche chamaria de demasiadamente humanos.

Vale dizer que o ator, Joaquim Phoenix, que perdeu, na vida real, seu irmão para as drogas, viveu por meses o personagem, antes das filmagens, quase como um psicopata, pelas ruas, bares e com atores palhaços, nos levando aos mais complexos estados de loucura.   Além de emagrecer 23 kg para interpretar o personagem, ele mergulhou no mundo das pessoas machucadas emocionalmente trazendo a dor e a solidão como principais pontos da narrativa, assim como nos mostra um momento em que matar ou viver tem o mesmo significado, e q a morte nos ronda a todo momento.


Gotham City está quase tão presente quanto o ator, trazendo movimento e intensidade de modo que quase não é possível piscar os olhos. Aliás, a sensação de estar grudado a tela, ao som de musicas de Hildur Gudnadotir é enlouquecedor e nos faz duvidar do senso entre o que é certo e errado, qual é o caráter duvidoso, se dos almofadinhas preconceituosos ou do assassino lívido.


A risada do palhaço é o choro deslavado, e Phoenix interpreta de forma arrasadora esta figura que faz parte do nosso inconsciente, o palhaço que ri enquanto chora.


O questionamento sobre a vida e suas idiossincrasias está presente o tempo todo, nos levando a questionar o sentido da vida, principalmente quando o cenário é construído em cima de mentes alteradas, como a da mãe, que ele cuida com muita delicadeza.


Acompanhar esta relação é tão dolorida quanto perceber as injustiças de modo geral.

Alias, a delicadeza está presente em muitos detalhes, como no figurino, na musica, e a tragédia também se mostra inteira, deixando a realidade da saúde mental e dos valores distorcidos com a saúde pública “nua ao meio dia”.


Ambientado no zeitgheist dos anos 70 e 80, nada é deixado de lado. Inclusive a participação de Robert de Niro traz a complexidade politica destes anos e do colapso que vivia tanto Ghotham quanto NY.


Uma escadaria como dos teatros gregos é o palco de muitas transformações do personagem e nos envolve de forma natural. É o palco para aquela palhaço. Um lugar para ele sonhar.


Um filme que não nos leva às lágrimas mas a um estado catatônico que exige algumas horas para ser digerido. 


A trama psicológica é envolvente e nos faz chegar perto de personagens da nossa vida real.

Um filme imperdível.


Um filme que extrapola limites e atordoa pensamentos. exigindo reflexão para nos manter firmes no nosso dia-a-dia.


Um filme onde a fragilidade do personagem é ao mesmo tempo a força da vida a qualquer preço.


Um filme, um filmaço.

Isabel Arias





 
 
 

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